A apresentação de “Corpos que Tombam”, da MT Escola de Teatro, marcou a presença de Mato Grosso na maratona cultural paulistana e reforçou a urgência do tema.
O Satyrianas 2025, realizado no mês passado em São Paulo, encerrou mais uma edição reunindo trabalhos de diferentes regiões do país. Entre as atrações apresentadas esteve “Corpos que Tombam”, criação de estudantes da MT Escola de Teatro, que levou ao festival uma abordagem direta sobre feminicídio e violência contra a comunidade LGBTQIA+. A apresentação, realizada em 22 de novembro, conectou ao público paulistano um recorte da dura realidade mato-grossense, onde os índices de violência de gênero permanecem entre os mais altos do país.
O espetáculo foi desenvolvido em processo colaborativo, combinando dramaturgia coletiva, investigação cênica e levantamento de casos reais. A proposta do grupo é transformar histórias silenciadas em discurso público, destacando como a violência estrutural se manifesta tanto contra mulheres quanto contra corpos dissidentes. Para a equipe, participar da programação do Satyrianas permitiu ampliar o alcance dessa discussão e inserir o tema em um dos eventos culturais mais abrangentes do calendário paulista.
O festival, que nasceu como Folias Teatrais e se consolidou como Satyrianas após sua chegada à Praça Roosevelt, mantém a tradição de ocupar a cidade com atividades ininterruptas durante cerca de 78 horas. A edição de 2025 contou com diversas atrações gratuitas, evidenciando novamente sua capacidade de reunir artistas de diferentes linguagens, estados e contextos. Reconhecido por integrar o calendário oficial do Estado de São Paulo desde 2009 e premiado pelo Shell de Inovação em 2013, o evento continua sendo um espaço de circulação artística e de resistência cultural.
Nesse ambiente de diversidade e troca, “Corpos que Tombam” representou Mato Grosso trazendo uma pauta urgente e sensível, destacando a necessidade de ampliar a visibilidade de violências ainda naturalizadas e de reafirmar o papel da arte como ferramenta de reflexão.
Ficha Técnica:
Corpos que Tombam
Dramaturgia: Adaptação coletiva – Grupo Trama do Drama
Direção: Francislaine Almeida
Atuação: Nathally Sena, Kelwen Dutra, Tamily Almeida, Raylay e Adrieli Orso
Cenário e Figurino: Trabalho coletivo
Iluminação: Vicente Monge
Sonoplastia: Francislaine Almeida
Produção Cultural: Anderson Kabeça
O projeto segue em desenvolvimento, dando continuidade à pesquisa e ao compromisso de transformar o palco em espaço de memória, escuta e enfrentamento.
